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Jarib B D Fogaça
Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.

Os demonstrativos financeiros e a gestão dos negócios

A importância crucial do Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) na compreensão da saúde financeira de uma empresa.

Recentemente, um jornal de grande circulação dizia em uma matéria: “Mais de um quarto das empresas da bolsa não consegue pagar juros da dívida”; e outra dizia: “Em reestruturação, Bayer quase zera dividendos”.

 

Qual será a mensagem que estamos vendo aqui? Ou melhor, qual a mensagem que não vimos até então pelos demonstrativos financeiros e somos tomados de surpresa por tais notícias?

 

Notamos que, de forma geral, os dirigentes estão acostumados com os demonstrativos mais populares, como Balanço e Demonstração de Resultados, porém muitos não têm dedicado tempo ao Demonstrativo de Fluxo de Caixa [DFC]. E aqui estamos notando o DFC tradicional, preparado a partir da contabilidade, seja pelo método direto, ultra complexo e completo ou pelo método indireto, que tem sido mais popular.

 

Esse demonstrativo preparado a partir da contabilidade permite rapidamente se ver o caminho, a direção financeira em que está indo à empresa. E principalmente, o caminho do dinheiro, de onde vieram e para onde vão os valores financeiros da empresa.

 

Inicialmente, olhamos o saldo de caixa [e equivalentes] de um ano para outro se está balanceado, estável, nos parece bom, mas, precisamos ver o grupo de caixa líquido das atividades de financiamento [financeiras] se foram positivas ou negativas e, principalmente, seus componentes.

 

Se positivo, como disse, nos parece bom, mas se esse positivo decorre de refinanciamento de dívidas e, ainda, se nesse grupo não vemos pagamentos substanciais de juros, então mais preocupante, pois o refinanciamento de dívidas engloba os juros – a famosa rolagem de dívida!

 

Outro tópico a se analisar são os passivos financeiros totais, a curto e longo prazos, empréstimos e financiamentos somados, comparados com o faturamento anual da empresa. Tomemos como exemplo, uma empresa que tem o valor de dívida financeira total semelhante ao total do faturamento anual. E essa empresa tem um lucro líquido regular recorrente de 10% do faturamento.

 

Tecnicamente, essa empresa tem uma situação de insolvência. Pois se ela fatura R$10 bi ao ano, tem lucro de R$1 bi, e tem uma dívida de R$10 bi a uma taxa juros de 10% ao ano [menor que a Selic atualmente], tem que pagar somente juros ao ano de R$1 bi, ou seja, o lucro para os juros. Não tem fôlego para investir e crescer, pois ainda teria que pagar o principal. Está dependente dos credores e dos termos financeiros de mercado.

 

Gosto de ressaltar que tais situações muitas vezes nos parecem distantes seja no passado ou no futuro dos nossos negócios e não nos damos conta de que mesmo grandes e renomadas empresas passam por tais situações; neste momento a harmonia e comunicação do diretor financeiro com o diretor executivo e com o conselho é fundamental.

 

Resgato aqui a situação real da Apple no passado. Na transição da volta de Steve Jobs como diretor executivo em 16 de setembro de 1997, a empresa estava tecnicamente insolvente. Algum tempo antes dessa data, enquanto ainda a Apple tinha outro diretor executivo e outro presidente do conselho, o diretor financeiro da Apple à época alertou ao presidente do conselho que a empresa estava prestes a insolvência.

 

Nessa época em que Jobs assumiu de volta a direção executiva da companhia, naquele fechamento anual de setembro de 1997, a Apple havia tido um prejuízo de 1,04 bilhão de dólares [sim, bilhão de dólares]! Nas palavras dele, a empresa estava a menos de noventa dias da falência.

 

Na apresentação que ele, Steve Jobs, fez na Macworld San Francisco em 6 de janeiro de 1998, em que apresentou a nova estratégia de produtos, Jobs encerrou falando dos resultados financeiros desse 1º trimestre sob seu comando, apresentando que a Apple havia tido no trimestre receitas de 1,575 bilhões de dólares e um lucro de 45 milhões de dólares, revertendo a tendência de prejuízos bilionários que tinha tido até setembro de 1997.

 

E ele encerrou sua apresentação com a seguinte mensagem escrita na última página: “Think Profit” (Pense lucro)!

 

Em uma empresa que hoje é ícone de produto no mundo e ícone de valorização de mercado e de solidez financeira; quem imaginaria ter passado por essa situação? Mesmo com toda capacidade e habilidade visionária que Jobs tinha, nesse momento da história se mostra claro a visão abrangente dos negócios incluindo os resultados.

 

Pense lucro, fluxo de caixa integralmente positivo [não somente EBTIDA positivo] e uma posição financeira de balanço de liquidez a curto, médio e longo prazos!


Jarib B D Fogaça| financeiro, geestão, negócios, finanças

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