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Jarib B D Fogaça
Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.

A preservação versus a destruição de riqueza

A geração de riqueza é ao mesmo tempo algo complexo e simples; na ótica de um país ou uma empresa, pode até parecer complexo, pois para o país usamos o PIB e o seu crescimento como indicador; e, para empresa, o lucro. Na ótica pessoal ou familiar é simples: se juntos temos um rendimento maior do que nossos gastos, então estamos gerando riqueza, e - melhor - acumulando essa riqueza.

 

Em tempos de alta inflação no Brasil e no mundo há uma grande preocupação com os riscos de desaceleração da economia e eventual recessão; desaceleração e recessão significam consumo, gasto da riqueza acumulada. E esse fenômeno começa pela taxa de juros básica dos países sendo aumentada com o propósito de redução da inflação.

 

Há controvérsias entre os autores e estudiosos desses critérios, mas aqui vamos focar nas reais consequências dessas circunstâncias, em especial, das consequências das taxas de juros nas empresas.

 

No inglês clássico de séculos atrás, Adam Smith escreveu uma frase interessante de se ler: “Ao não limitar seus gastos à renda, ele usurpa seu capital.” [do original … By not confining his expence within his income, he encroaches upon his capital. By Adam Smith in the book Wealth of Nations].

 

Com a taxa de juros subindo, o custo de capital, seja ele próprio ou de terceiros, aumenta. E nesse caso, o custo de capital são os juros que pagamos quando tomamos dinheiro emprestado ou mesmo o custo do capital próprio. Se usamos o capital próprio para financiar nosso negócio, temos o chamado custo da oportunidade [de escolher] entre aplicar nosso capital no próprio negócio ou investir no mercado financeiro.

 

Desta forma, em ambas as opções, o negócio no qual colocamos o capital precisa pagar os juros e, o principal, no mínimo. Melhor e ainda mais apropriado, se após pagar o custo financeiro e tivermos lucro. Pois assim preservamos e aumentamos a riqueza empresarial e de toda sociedade. Este raciocínio nos orienta para entendermos que uma empresa precisa ter lucro, indiferentemente das circunstâncias. E esse lucro precisa se converter em capital que será preservado e aumentado ao longo do tempo. O oposto nos leva à ruína!

 

Vamos tomar a geração “Real”, aqueles nascidos a partir de julho de 1994; o gráfico do IBGE nos mostra que o IPCA em poucos casos ultrapassou 1% ao mês e, em pouquíssimos casos, ultrapassou 2% ao mês. Nesse período, logo no início do Plano Real, o COPOM fixava a TBC e com a extinção desta, passou a divulgar a meta para a Taxa SELIC para fins de política monetária. No caso da Selic, as taxas foram por muito tempo muito altas e depois um pouco mais baixas.

 

A questão aqui é algo que não se discute muito: as consequências do custo financeiro para as empresas operarem no Brasil, seja capital próprio, de investidores ou de terceiros via o sistema bancário; se a taxa de juros está em média 13,75, então uma empresa precisa ter lucro desse percentual para pagar os juros [apesar de sabermos que o custo financeiro real é maior]; mas, de fato, precisa de um lucro e um fluxo de caixa maior já que precisa acumular capital para pagar o principal em algum momento. Caso aquele investimento não gere esse lucro e esse capital para pagar os juros e o principal, a consequência negativa técnica dessa equação é a destruição de capital e, de fato, de riqueza.

 

Todo investimento na essência é de capital, seja ele humano, patrimonial ou financeiro; se ao longo do tempo esse capital é consumido e não reposto, preservado, então está sendo destruído e a própria riqueza está sendo consumida. Desde os primórdios da contabilidade estruturada por Luca Pacioli em partidas dobradas, algo que revolucionou a economia e o comércio [e a indústria], o lucro é algo a ser buscado, pois dele deriva o caixa. 

 

O capital empregado e não retornado consome riqueza e uma empresa sem lucro certamente, em algum momento, consumirá [para não dizer destruindo] riqueza. E dificilmente conseguirá se preservar e pagar suas dívidas.

 


Jarib B D Fogaça|

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