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Jarib B D Fogaça
Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.

A essência versus a forma no mundo corporativo

Algo que o mundo empresarial tende a acompanhar, nem todos, mas talvez uma boa parte do mercado de capitais e - principalmente - a mídia de negócios de forma geral, é a reunião anual de acionistas da Berkshire Hathaway Inc.

A Berkshire Hathaway Inc. é a empresa controlada por Warren E. Buffett (92), e dirigida por ele juntamente com seu sócio Charles T. Munger (99), ambos com mais de 90 anos. E a reunião anual mais recente foi no dia 6 de maio de 2023, um sábado, às 16h30, ou seja, à tarde.

Todos os anos a cobertura da mídia sobre essa reunião anual é muito grande e sempre gera reflexos e reflexões. Neste ano não foi diferente. Mas o que realmente chamou a atenção da mídia foram os votos contrários e, consequentemente, a não aprovação de propostas dos acionistas não controladores; essas propostas continham temas muito presentes nos vários debates públicos que temos vistos em toda parte.

Mais de uma proposta vindo de acionistas diferentes propunha uma maior divulgação sobre as mudanças climáticas e a transição da empresa para uma economia de baixo carbono; avaliar e divulgar os riscos climáticos físicos e de transição; divulgar anualmente como os riscos relacionados ao clima estão sendo geridos pela empresa; reportar se, e como, pretende medir, divulgar e reduzir as emissões em alinhamento com o Acordo de Paris.

Outra proposta pedia divulgação de informação sobre a eficácia dos esforços de diversidade, equidade e inclusão da empresa.

Também um grupo de acionistas solicitou que o Conselho de Administração adote como política no futuro, que duas pessoas distintas ocupem o cargo de Chairman [Presidente do Conselho] e o cargo de CEO [Presidente da Empresa].

Finalmente, houve uma proposta que solicitou que o Conselho de Administração encoraje a Alta Administração da Berkshire Hathaway e de suas empresas a evitar apoiar ou assumir uma posição pública sobre quaisquer questões sociais ou políticas controversas (coletivamente “discurso político”), sem ter previamente, de forma abrangente e imparcial, justificado pela ação com base na estratégia de negócios, exigências e prioridades subjacentes.

Todos esses temas são de extrema relevância na gestão de negócios e, principalmente, na gestão de negócios da magnitude da Berkshire Hathaway, uma empresa que faturou em 2022 mais de 300 bilhões de dólares. Então como entender as razões do Conselho de Administração da empresa de recomendar aos acionistas votar contra essas propostas, o que os acionistas assim o fazerem?

Nossa leitura das razões para essa recomendação contra essas propostas foram todas expostas na convocação da Reunião Anual de Acionistas e podemos ver que de certa forma todas essas solicitações já estão sendo atendidas nos vários níveis e de forma apropriada. As contrarrazões expostas, inclusive, indicam referências aos diferentes negócios e como o Conselho gerencia e delega responsabilidades de forma que os demais administradores e dirigentes tenham parte nessa responsabilidade.

Neste momento, é bom reproduzir sucintamente uma pequeníssima parte do texto do relatório anual para 2022, publicado juntamente com a reunião anual de acionistas.

Do relatório anual de 2022: “Em 58 anos de administração da Berkshire, a maioria das minhas decisões de alocação de capital não foram melhores do que mais ou menos. Em alguns casos, também, movimentos ruins meus foram resgatados por doses muito grandes de sorte. ... Nossos resultados satisfatórios foram o produto de cerca de uma dúzia de decisões verdadeiramente boas – que seria cerca de um a cada cinco anos - e uma vantagem às vezes esquecida que favorece a longo prazo investidores como a Berkshire.”

Por fim, o que mais notamos nesses casos de uma empresa lendária que tem suas ações cotadas em bolsa desde 1965 e com o mesmo CEO [Presidente Executivo] todo esse tempo é a prevalência da essência sobre a forma e a consistência das ações na gestão de longo prazo.


Jarib B D Fogaça|

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