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Jarib B D Fogaça
Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.

A dispersão versus a concentração

Não faltam artigos e estudos que abordam a questão da eficiência, produtividade e competitividade do Brasil em relação ao mundo. De forma geral, várias dessas reportagens identificam aspectos como: a baixa qualificação dos trabalhadores (capital humano), tecnologia atrasada nas empresas (capital físico) e investimento caro (capital financeiro).

 

Certamente, essas observações têm fundamento. Estudos técnicos profundos foram feitos e os resultados analisados. Mas como em todos os estudos, é sempre saudável buscar uma mudança de lado na análise de questões como essa, tão complexas.

 

Se tomarmos as três observações de um desses estudos, conforme citado no primeiro parágrafo, podemos comentar comparativamente entre uma empresa brasileira e uma empresa estrangeira, que:

 

O capital humano, que em sua maioria no Brasil é composto por brasileiros, mesmo em uma empresa estrangeira, restaria aqui a pergunta sobre como uma subsidiária de empresa estrangeira poderia ser diferente de uma empresa brasileira! 

 

A tecnologia, neste caso, sim, uma empresa estrangeira levaria vantagem pois pode trazer tecnologia mais atualizada a custos de origem e uma empresa local brasileira, teria um chamado custo de importação ou mesmo nacionalização. 

 

Finalmente, com respeito ao investimento, sim, o capital financeiro de investimento no Brasil é, e aparentemente sempre foi, muito caro e mais caro que nos mercados europeu e americano.

 

Agora, algo aparentemente não captado nesses estudos é a característica cultural de gestão empresarial. Como a cultura e o ambiente de negócios e trabalho podem e são muito influenciados pela cultura. Vejamos, por exemplo, algo muito comum no nosso dia a dia – em filas de atendimento que podem ser de serviços, produtos, pagamentos etc. Aqueles que estão na fila aguardando, na maioria das vezes [alguns já se incomodam atualmente], não se importam se alguém de fora da fila vai direto no atendente para fazer uma pergunta. E se algo acontece, o atendente, novamente na maioria das vezes [alguns já se incomodam com isso], para o atendimento para dar atenção à interrupção.

 

Neste momento, tivemos uma dispersão versus a necessidade de concentração, e por consequência a produtividade acaba caindo. Agora vamos extrapolar esses acontecimentos para muitos ambientes de trabalho, muitos dias, e assim sucessivamente. De longe essa abordagem sobre esse assunto pode até parecer cruel e desumana, mas afeta, sim, a produtividade.

 

Vale aqui um pequeníssimo trecho do livro “Negócio Fechado”, de Suzana D Johr, para nos alegrar sobre nossa própria cultura – talvez em alguns aspectos precisaríamos de uma leve atualização pois o livro foi escrito em 2013. Mesmo assim, reproduzo a seguir: ...”A maioria dos brasileiros, grandes apreciadores de festas, são alegres, vivendo despreocupadamente [nem tanto atualmente]. Nos restaurantes, nos finais de semana entre a família e os amigos são muito barulhentos [nem tanto]. O jeito brasileiro de aproveitar a vida, é um sonho invejado pelos estrangeiros, que trabalham feito formigas, em uma terra estreita e superpovoada [?], além de enfrentarem intensa competitividade material e espiritual.”...

 

E a questão da dispersão versus a concentração em nossa atividade diária está em todas as esferas da gestão e execução. Desde as funções mais operacionais na base até as funções estratégicas e executivas de uma empresa. Várias vezes damos mais atenção pela interrupção de uma chamada ao telefone do que daquilo que estamos concentrados em fazer naquele momento, seja isoladamente ou em grupo.

 

Talvez esta forma de ver nossos dias nos pareça simples, mas certamente encontraremos muitos momentos nos nossos dias em que nos deixamos ser levados pela dispersão, alguns até justificados. Mas nossa produtividade pessoal e, consequentemente empresarial, pode melhorar muito se buscarmos maior concentração e foco nos momentos necessários.


Jarib B D Fogaça|

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