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Equipe ACIC
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Lojistas precisam fazer sua parte para evitar aglomerações

Coordenador do Centro de Contingência da covid-19 em São Paulo, o médico José Osmar Medina orienta o comércio a reforçar cuidados para que não haja uma explosão de casos - e um endurecimento ainda maior da quarentena. Fonte: JORNAL DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO

 

A menos de dez dias do Natal, o comércio paulistano se desdobra para correr atrás do prejuízo após um ano marcado pelo isolamento social e a queda expressiva nas vendas provocada pela pandemia. 

Os consumidores estão empenhados nisso: basta ver as multidões que têm tomado algumas das principais regiões de comércio popular da cidade, como a 25 de Março, o Brás ou o Largo 13 de Maio, em Santo Amaro. 

O problema é que a aglomeração de clientes, muitas vezes sem máscara, veio se intensificando ao mesmo tempo em que o governo anunciou regras mais duras para a quarentena devido à alta de casos, óbitos e internações por covid-19. Nos últimos 14 dias, foi registrado um aumento de 25% na média de mortes. 

Se por um lado é importante recuperar as perdas e manter os empregos, esses lojistas, que tiveram de se adaptar aos novos protocolos sanitários, não podem se tornar agentes propagadores do coronavírus. 

O médico nefrologista José Osmar Medina de Abreu Pestana, coordenador do Centro de Contingência da covid-19 de São Paulo, traça um panorama do atual cenário de contaminação pelo novo coronavírus no estado.  

Também orienta os lojistas a redobrarem os cuidados, e a insistirem na tríade: uso obrigatório da máscara, distanciamento social e higiene frequente das mãos. Tudo para evitar uma explosão de casos nas próximas semanas - e um eventual endurecimento ainda maior da flexibilização no curto prazo.  

"O que interessa é o que podemos fazer para a doença não se propagar. Não adianta pensar em prejudicados ou não: com a infecção disseminada, todo mundo será prejudicado ao mesmo tempo", alerta.  

Confira a seguir a entrevista do dr.Medina, que também é professor da Escola Paulista de Medicina (EPM) e diretor do Hospital do Rim, ao Diário do Comércio
 

Os lojistas estão seguindo os protocolos sanitários, mesmo assim, com as aglomerações vistas em ruas comerciais, há riscos de contágio?

O risco de contágio hoje é muito maior porque, assim como no primeiro pico, o número de pessoas infectadas voltou a ficar muito grande. Controlá-lo depende bastante de exigir o uso de máscara, pois o risco de infecção diminui bastante, assim como manter o distanciamento de um metro e meio e lavar as mãos regularmente.

Quanto menor a exposição, menor o risco. A transmissão ocorre pelas vias aéreas superiores, por isso a aglomeração em locais de comércio deve ser evitada, pois a chance de infectar um maior número de pessoas aumenta. Quanto aos cuidados com a limpeza de superfícies, há um certo exagero
 

Quer dizer que é mínimo o risco de contágio ao encostar em superfícies de lojas, colocar a bolsa no balcão ou até limpar sacolinhas plásticas, como ensinado exaustivamente nos últimos meses? 

Não tem sentido limpar sacolinhas: o que tem sentido é o uso da máscara, o distanciamento social e a lavagem das mãos. O risco de contágio relacionado à limpeza dos objetos é minúsculo, menor que 1%.

Se pensarmos em transmissão de pessoa para pessoa, o risco é de 99%, e menos de 1% em outras formas de contágio. A transmissão se dá por gotículas de saliva e respiração, e o vírus sabe disso. 

O descuido ajuda a transmitir, e quem circula fora de casa deve usar máscara ao voltar, como se estivesse no comércio ou na rua, e até manter o distanciamento se possível, pois pode contagiar do mesmo jeito.  

 

DR. MEDINA: RISCOS DIFÍCEIS DE SEREM MEDIDOS

Independentemente do fluxo de pessoas nas ruas, o comerciante é responsável pelo que acontece dentro da loja, e pode sofrer sanções pesadas por isso. Reforce, por favor, os cuidados para diminuir riscos:  

Primeiro, é preciso cumprir a lei e as regras do Plano São Paulo, que prevê ocupação de 40% dentro do estabelecimento. O lojista também não pode deixar que grupos se formem dentro da loja. Nas filas do caixa, por exemplo, é preciso respeitar as marcações de distanciamento. No caso das filas do lado de fora, é mais difícil organizar, então o lojista deve orientar os consumidores e tomar todos os cuidados para evitar aglomeração. 

 Muitos comerciantes acreditam que quando tiver vacina, tudo vai mudar. Dá para visualizar esse cenário de melhora - pelo menos no curto prazo? 

A vacina não pode entrar no cenário de cuidados hoje; ela só vai entrar depois da primeira fase do plano de imunização, que inclui a população acima de 60 anos e os profissionais de saúde (além de indígenas e quilombolas). Quando todos estiverem vacinados, teremos uma grande diminuição da transmissividade.

Mas, por enquanto, não dá para ter um comportamento diferente do que temos hoje. Quando esse grupo com maior risco de mortalidade (idosos) e os profissionais de saúde estiverem fora de risco de contaminação, uma primeira leva que corresponde a 20% da população, só aí poderemos ter algum fôlego. 

 Tem prazo previsto para isso acontecer? E para voltar à normalidade?

Dando tudo certo com esses primeiros vacinados, em março já poderemos ter esse fôlego. Mas para retornar à vida normal, só depois do meio do ano. 

 Já se fala em uma segunda onda de covid, mas há quem diga que ainda nem saímos da primeira. Como classificar o atual cenário de contaminação? 

É difícil falar, pois nos países da Europa que tiveram duas ondas, houve picos muito grandes, e depois um platô baixo. Aqui no Brasil, tivemos uma onda sobre a outra, mas isso não tem grande importância: o que importa é que os casos infectantes têm sido grandes. Temos platôs, mas em cima deles, grandes picos.  

 Com a movimentação das festas, dá para esperar um pico já no início de janeiro ou nesse mês mesmo?  

Com essa explosão de casos, é possível que aconteça antes. Esse movimento de pessoas nas ruas, em festas, em comemorações mais longas, serão as principais fontes de contágio. Se 50 pessoas se cumprimentarem e houver uma infectada, essa uma vai infectar 10 ou 12. Será uma progressão geométrica de contágio nesse final de ano que, se as pessoas não tomarem cuidado, em breve deve estourar ainda mais o número de casos.

Pensando nisso, o governo já está se preparando para abrir hospitais de campanha novamente? 

Não, ainda não precisa disso, apesar de que há alguma sobrecarga em algumas regiões do estado. Mas é preciso lembrar que esses hospitais são para cuidados de enfermagem, e não intensivos. O primeiro pico foi mais lento, mas agora pode sobrecarregar, e então será preciso uma oferta maior de leitos que no primeiro. 

Existe algum tipo de medição de menor ou maior risco de contágio em locais de grande circulação de pessoas como no comércio, por exemplo?

Não é porque a pessoa está no Brás ou na 25 de Março que ela se contamina, sai da aglomeração e vai tossir ali na esquina. Essa pessoa passa por diversos ambientes antes que o vírus se manifeste, quatro ou cinco dias depois. Como circulou em outros lugares, não sabe onde se contaminou, então não dá para medir esse risco. 

Até agora, não há evidências de que o comércio seja foco de contaminação. Mas, com a regressão para a fase amarela, o que fazer até a chegada da vacina? 

Repito: o ideal é sair de casa o mínimo possível, usar máscara e evitar proximidade. Mas não dá para dizer que o comércio ou as festas, sozinhos, são responsáveis pelo aumento no número de casos: o aumento se deve ao comportamento das pessoas. Não dá para culpar um ou outro: esse é um comportamento geral da sociedade.

Se voltarmos à fase verde, vamos saturar todos os hospitais de São Paulo - e a ver as cenas tristes que vimos aqui e em outros países. O que interessa é o que podemos fazer para a doença não se propagar. Não adianta pensar em prejudicados ou não: com a infecção disseminada, todos serão prejudicados ao mesmo tempo. 

FOTOS: Amanda Perobelli/Reuters - Agência Brasil e Divulgação 


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