- , 27 de Fevereiro de 2018
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Claudia Cunha
Claudia Cunha, graduada em Comunicação (PUC-SP), MBA em Gestão Empresarial (ESPM-SP), Especialização em Varejo (FGV-SP). Comunicação Estratégica, Marketing de Relacionamento, Gestão de Marcas, Comportamento de Consumo, Processos de Decisão de Compra, Varejo.
NRF-2018 | 14 a 16 de janeiro | Nova York, Estados Unidos
Mais do que falar do futuro do varejo, a 107ª. NRF Retail´s BIG SHOW, a Convenção Anual Americana de Varejo, foi palco para discussões sobre sustentabilidade e permanência. Durante 3 dias, especialistas de vários países falaram para mais de 30.000 visitantes sobre como sobreviver em um mundo cada vez mais competitivo, globalizado e totalmente transformado por avanços tecnológicos que mudaram o comportamento do consumidor e os negócios. Comprar e vender tornou-se diversificado, complexo e amplo. Mesmo em tempos de Inteligência Artificial, Realidade Virtual, Big Data e Inovações sem fim, para sobreviver e vencer, o desafio é descomplicar e fazer acontecer de forma surpreendente.
Representando o Brasil, estiveram presentes empresários, profissionais e lideranças setoriais, a maioria organizados em delegações de empresas especializadas e instituições como BTR-Varese, Câmaras de Dirigentes Lojistas, Gouvêa de Souza, Fundação Getúlio Vargas entre outras. Pela segunda vez, fiz parte da delegação da FACESP, a Federação das Associações Comerciais do Estado de SP que reuniu varejistas de várias cidades, além da capital paulista.
Como acontece há anos, muito se falou sobre relacionamento e engajamento entre consumidores e marcas, avanço e acessibilidade a tecnologias, dados e informações para melhorar processos e conduzir ações e tomadas de decisão. Bem mais do que só o ponto de venda, muito se discutiu também sobre o papel atual da loja e o valor insubstituível das pessoas.
Em boa sintonia com sua fala sobre conexão entre passado e futuro, logo no primeiro dia o presidente da Levi´s, marca líder de jeans com mais de 150 anos, surpreendeu ao chegar de bicicleta, vestindo sua jaqueta equipada com dispositivos inteligentes que o guiavam por GPS. JC Curleigh afirmou que a Levi´s continua firme na liderança porque soube transformar consumidores de calças jeans em fãs da Levi´s. Para entregar mais para seus fãs, a Levi´s expandiu a oferta de produtos para camisetas, shorts, sapatos etc e ampliou seus canais de venda. Quando perguntou se alguém na plateia se lembrava de quem é o 2º. lugar no ranking de marcas de jeans, o público silenciou. Claramente, estava ali o resultado de uma marca centenária que continua engajada com seus consumidores.
Especialistas brasileiros também se apresentaram no congresso internacional.
Alberto Serrentino falou sobre perspectivas para implantar cultura digital nos negócios e deixou claro que não basta querer entrar no meio digital. É necessário dar prioridade ao assunto, da estratégia a execução. Ressaltou ainda que criar hábitos e cultura digital, ter estrutura e processos para otimização dos negócios digitais é mais importante do que a própria tecnologia. No mesmo painel, Flavio Dias, da Via Varejo, varejista que tem sob sua bandeira digital marcas como Casas Bahia e Ponto Frio, deu um show exemplificando na prática o que diz Serrentino sobre o segredo do sucesso no varejo: alto nível de experiência de compra e baixo atrito na operação constituem a fórmula mágica que resume tudo.
Marcos Gouvêa falou sobre como marcas se diferenciam entregando mais serviços e apresentou, em primeira mão, as “8 ondas para surfar” no varejo de serviços.
Confira as “8 ondas” apresentadas por Marcos Gouvêa e reflita sobre como agregar valor de serviços ao seu negócio:
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Início: serviços básicos operados por terceiros
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Primeiro passo: serviços básicos operados pelo próprio varejista
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Expansão: agregar serviços financeiros
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Diversificação: buscar oportunidades além do produto principal
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Derivação: serviços oferecidos como um novo negócio, a partir do negócio principal
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Digital: alavancar oportunidades de venda de serviços através do meio digital
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Fornecedores: buscar os que entram no mercado oferecendo serviços
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Inversão: marcas começam a focar mais em serviços do que em produtos
Em tempo de avanços tecnológicos, vale destacar o Innovation Lab, área do NRF totalmente dedicada às inovações tecnológicas. Lá é possível encontrar solução inteligente para as operações mais diversas do varejo: compra e reposição de produto, formação de preços, interação de consumidor no pdv, customização, merchandising e ambientação de loja, comunicação e relacionamento entre marcas e consumidores. É pura tecnologia a favor da gestão, cada vez mais acessível em todos os aspectos, incluindo custos.
Sobre PESSOAS.
Arianna Huffington surpreendeu e deixou a plateia em silêncio profundo ao lançar uma pergunta: “Como podemos esperar mais das pessoas se, cada vez mais, as pessoas fazem menos até por elas mesmas?”. Todos nós incluídos na reflexão da especialista que, com voz calma e um tanto irônica, afirmou que estamos fazendo muito o que não é essencial e produzindo pouco o que deveria ser o essencial. Complexo e estarrecedor. Arianna é fundadora do inovador e premiado site de notícias Huffinton Post e da Thrive Global, uma plataforma empresarial e de bem-estar corporativo e de produtividade com a missão de mudar a forma como trabalhamos e vivemos ao acabar com a ilusão coletiva de que o desgaste é o preço que devemos pagar pelo sucesso. Seu livro The Sleep Revolution: Transforming Your Life, One Night At A Time (A Revolução do Sono: transformando sua vida, uma noite de cada vez) rapidamente se tornou best seller mundial e referência no campo da ciência, história e sobre os mistérios do sono. Ela afirma que déficit de atenção é atualmente o grande vilão para os negócios. Dormir pouco, usar muito o celular, viver a vida em mensagens de texto, ter vida paralela e estendida no mundo digital são malefícios da conectividade que deixam o Homem em risco para viver o essencial e produzir o que realmente importa. Empresas com funcionários desatentos e não comprometidos e funcionários liderados por mentes superficiais e desconectadas do mundo real são realidade em muitas empresas atualmente. Em tom de brincadeira, deixou um bom conselho para todos dizendo que em suas empresas as reuniões sem dispositivos e conexão, “device free meetings”, foram um santo remédio para reconectar as pessoas e as ideias, além de elevar o nível intelectual de produtividade aos interesses da empresa e das próprias pessoas também. Premiada, a dona desses pensamentos, no mínimo, nos faz refletir melhor e repensar sobre nossos hábitos.
Mesmo que Você tenha os melhores produtos e as mais novas tecnologias, que tal pensar em vender além do seu produto principal? Você já pensou em estar presente em outros canais, além da sua loja? Já refletiu sobre qual é o seu nível de cultura digital e o de sua empresa? Não vamos falar de atendimento nem de e-commerce. Atender bem não é mais diferencial, é obrigatório atualmente. Varejo digital não é mais futuro, é realidade. Estamos falando sobre ampliar possibilidades de negócios, para isso é preciso fazer muito mais e rápido. Buscar parcerias estratégicas para otimizar e ampliar seu negócio, usar tecnologias para afinar a comunicação com o seu cliente, oferecer atendimento que resolve e não apenas sorri e entrega produtos. Não espere que o consumidor vá até sua loja, antecipe-se e vá até o seu cliente, esteja ele onde estiver. Estamos falando de conquistar um lugar cativo para sua marca na mente do seu cliente. Isto o fará querer comprar da sua marca, ou loja, porque sua marca se comunica com ele, tem o produto certo para ele e tem as pessoas certas para atendê-lo de um jeito único. Estamos falando de encantar, de entregar desejos, de realizar sonhos. É isso que move a humanidade e o varejo também. O restante qualquer um faz.